Imagine a seguinte situação.

Um Presidente de uma empresa, escolhido pelos membros do Conselho inicia o exercício do seu mandato recebendo todos os créditos pelo seu amplo e rico currículo.

Porém, a medida que o tempo passa, os resultados financeiros não aparecem e muito pelo contrário, a situação econômica que era razoável começa a derreter também.

O Presidente, para não perder o cargo e nem a popularidade frente ao Conselho, inicia um vigoroso e engenhoso processo para alterar os resultados da empresa. Decide incluir receitas futuras e não considerar despesas do passado em seus Balanços e Balancetes. O Patrimônio Líquido que era negativo passa a ser positivo, os prejuízos e o nível de endividamento que eram gigantes somem e tudo que era vermelho se torna azul. Com o novo colorido, o Presidente ganha o respeito do Conselho e admiração dos acionistas. As ações sobem e se transformam em blue chip.

Mas aí, em um lindo dia de céu azul, por questões de auditoria, os números da empresa são colocados à prova e descobre-se que todos aqueles números maravilhosos expressos nos Balanços eram todos martelados. Tudo não passava de uma verdadeira fraude. Da noite para o dia o lucro se transforma em prejuízo, as ações despencam e o mercado entra em parafuso. Os auditores identificam uma série de operações irregulares e a empresa entra em processo de insolvência. Para piorar, descobre-se que o currículo do Presidente era falso, que os discursos eram mentirosos, que as metas eram maquiadas e a competência administrativa dele se resumia à gestão de uma banca de jogo do bicho. Todos pedem a cabeça do Presidente. Mas o Presidente, ardiloso como é,  julga tudo uma grande manobra dos conselheiros para destitui-lo por razões meramente politicas porque entende que é um primor na administração de negócios e não cometeu fraudes em sua gestão.

Em qualquer país de primeiro mundo, o Presidente dessa empresa estaria preso por ter cometido crime financeiro, por falsidade ideológica e por ter lesionado acionistas e o mercado como um todo. Em qualquer empresa listada em bolsa, mesmo sem ter cometido fraude, o Presidente seria deposto. Resultado é um item que se persegue a qualquer custo. Além disso, o mundo corporativo se baseia no conceito de meritocracia: é competente fica, não é vaza. No Brasil, existem pessoas que ainda apoiam um Presidente que conseguiu quebrar um país e que dentro dele tinha uma das maiores empresas petrolíferas do mundo. No Brasil existem pessoas que defendem um Presidente que mente, que é incompetente e que é estelionatário. Das duas uma: ou essas pessoas ganham dinheiro do governo ou governo paga para eles defenderem o governo.